sábado, 2 de novembro de 2013

TCC - Capítulo 2 - Sinopse do livro, O Leitor de Bernhard Schlink.

         Trata-se da história de uma balzaquiana Hanna Schimtz, narrada pelo advogado Michael Berg, no ano de 1995, em forma de memórias dos acontecimentos vividos entre eles em 1958, início de sua adolescência.
O cenário é a cidade de Neustadt, Alemanha Ocidental e a obra inicia-se com o encontro involuntário dos dois personagens na rua, quando Michael doente, vomita e é auxiliado por Hanna. Posteriormente, eles passam à condição de amantes.
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Hanna é uma mulher de personalidade dura e misteriosa. Ela cria com o amante um ritual de leitura, banhos e sexo. A cada encontro Michael torna-se cada vez mais dependente da sua presença e, apesar de pertencerem a mundos distintos, o relacionamento transcorre em meio à leitura de diversas obras literárias como a “Odisséia”, de Homero, “A Dama do Cachorrinho”, de Anton Checkhov (1890), e “As aventuras de Huckleberry Finn”, de Mark Twain (1884), lidas com interpretação teatral pelo jovem, levando muitas vezes Hanna às lágrimas ou ao riso eloquente.

Nesse período, Hanna trabalha como fiscal de bonde, cargo que não requeria alfabetização; ao ser promovida para trabalhar no escritório, ela abandona a empresa e também o apartamento onde se encontrava com Michael sem deixar qualquer explicação ou pista de seu paradeiro.
Eles passam oito anos sem notícias um do outro, até que, em 1966, Michael, já como estudante de Direito na renomada Universidade de Heidelberg, a reencontra durante um julgamento, no qual algumas mulheres eram acusadas de provocar a morte de cerca de 300 judias, num incêndio ocorrido em 1944, no interior de uma igreja, cuja porta fora lacrada por elas para impedir a fuga das prisioneiras.
Apesar de Michael estar mais maduro, a presença de Hanna ainda é profunda e significativa em sua vida. Ele passa, silenciosamente, a acompanhar o julgamento dela e das demais ex-funcionárias da SS.
Ao longo do julgamento, Ilana Mather, uma das sobreviventes do campo de concentração onde Hanna trabalhava, a reconhece e descreve-a como diferente das demais guardas. Relata que Hanna tratava as prisioneiras que liam para ela de forma especial, o que as fazia crer que elas não seriam mortas, mas, na verdade, terminavam sendo justamente essas, as primeiras enviadas para câmara de gás.
Durante uma das sessões, Hanna é acusada pelas demais rés de ter redigido o relatório sobre o acontecido no inverno de 1944, quando prisioneiras foram transferidas em uma operação que, devido à precariedade de condições, foi denominada como “Marcha da Morte”. Segundo uma das sobreviventes, durante a viagem, houve uma parada em uma igreja, que foi cuidadosamente fechada pelas guardas para evitar a fuga das prisioneiras. Entretanto, de madrugada, ocorreu um bombardeio que causou um incêndio na igreja, fazendo com que as 300 mulheres lá confinadas tentassem escapar, sem sucesso, pelas portas que não foram abertas pelas guardas.
 Hanna nega com convicção ser autora do relatório, gerando ainda mais conflito em plenário. Para por fim ao impasse, o juiz solicita um teste grafológico. Apavorada com a possibilidade de ser exposta como analfabeta, ela decide assumir sozinha a culpa pelo relatório, sendo condenada a prisão perpétua, enquanto as demais recebem penas menores. Diante disso, Michael relembra do relacionamento deles e percebe que em todas as situações de leitura, ela se esquivava. Conclui, então, ser esse o seu grande segredo: Hanna amava a leitura, mas era analfabeta e se envergonha tão profundamente dessa condição que preferia ser condenada a um crime que não cometera a expor-se.
Dividido entre revelar o que sabia e a vergonha de assumir que tivera um envolvimento amoroso com uma ex-guarda nazista, Michael decide silenciar e seguir em frente. Torna-se advogado, casa-se, tem uma filha e separa-se. A lembrança de Hanna ainda o perturba e ele resolve voltar a ler para ela, enviando-lhe, anonimamente, fitas cassetes gravadas com a mesma narração dramatizada dos livros que outrora lera para ela, que de imediato, reconhece a voz de Michael.
Com uma longa sentença a cumprir, Hanna busca cruzar os sons das narrativas de Michael com os livros que ela encontra na biblioteca da prisão. Finda por aprender a ler e passa a se corresponder com ele, que não responde a nenhuma de suas mensagens, apesar de guardá-las.
A libertação existencial de Hanna chega através das práticas de leitura adquiridas na prisão, auxiliando-a a remodelar sua visão de mundo.
Já Michael, que vive o drama de ser a primeira geração pós-nazimo, em que é possível perceber o quanto a consciência alemã ainda é assombrada pelas atrocidades reveladas, acompanha o processo de julgamento dividido entre a mulher que amara e o segredo que a condenaria, sozinha, a um crime que ela sequer conseguia compreender.
Passaram-se vinte anos e Michael era a única pessoa com quem Hanna tinha contato fora da prisão. Quando sua pena é revista e ela obtém liberdade condicional, a agente penitenciária  procura Michael para que ele se torne o preceptor de Hanna, auxiliando-a em seu retorno à sociedade, providenciando-lhe moradia e início de subsistência.
O reencontro deles é frio e distante, mas Michael está disposto a auxiliá-la fora da prisão, Hanna, porém, já consciente de sua culpa, não encontra mais motivos para continuar viva e, no dia de sua libertação, monta uma pilha de livros, que utiliza como cadafalso para se enforcar dentro da cela. Ela deixa uma carta à assistente social, com instruções de solicitar a  Michael entregar  para Ilana Mather as economias arrecadadas por ela  durante os vinte anos de prisão (que estão dentro de uma lata de chá). Ilana se recusa a receber a doação, alegando que aceitá-la significaria perdoar Hanna.
Comovido, Michael narra rapidamente seu envolvimento com Hanna na juventude e pergunta se Mather se oporia em doar o dinheiro a uma organização judia para analfabetos, pois sabe a importância simbólica que esse gesto teria para Hanna e assim é feito.




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