SINOPSE:
Paulo
Reglus Neves Freire Nasceu no dia 19 de setembro de 1921 na cidade de Recife e
com 10 anos, mudou junto com a família, para para a cidade de Jaboatão que fica
no mesmo estado (vizinha a Recife).
Foi
alfabetizado pela mãe, mas desde muito cedo demonstrava interesse pela língua
portuguesa. Ingressou aos 22 anos na Faculdade de Direito do Recife, e nesse
mesmo período, casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com
teve cinco filhos.
Em
1958, na cidade do Rio de Janeiro, ele participa de um congresso educacional
onde apresenta um trabalho sobre educação e princípios de alfabetização
lançando novas idéias para a alfabetização de adultos.
Em
1964, convidado pelo então presidente João Goulart, passa a coordenar o
Programa Nacional de Alfabetização, mas, é deportado para o Chile logo após o
golpe militar, que considera o método desenvolvido por ele como uma ameaça à
ordem.
Exilado
no Chile e posteriormente na Suíça, dedica-se mais intensamente à de educação,
produzindo diversas obras de grande repercussão no meio acadêmico.
Retorna
ao Brasil em 1979 através da após a Lei da Anistia e é convidado para exercer o
cargo de Secretário Municipal da Educação da Prefeitura de São Paulo pela então
prefeita, Luiza Erundina. Em seguida, passa a assessorar projetos culturais na
América Latina e África.
Morre
de infarto na cidade de São Paulo em 2 de maio de 1997.
Pode-se
dividir a história de vida de Paulo Freire em três períodos marcantes e
desiguais em termos de experiências que são:
·
A vida em Pernambuco;
·
A vida no exílio;
·
A vida em São Paulo.
A VIDA EM PERNAMBUCO
Paulo Reglus Neves Freire foi
quarto e ultimo filho de Joaquim
Temístocles Freire, oficial da policia militar e D. Edeltrudes, nasceu em Recife, entre a primeira e segunda Guerra
Mundial, no dia 19 de setembro de 1921, na Estrada do Encanamento, 724, Casa
Amarela, bairro de classe média, onde viveu boa parte da infância. Criado em
ambiente familiar amoroso e católico, teve a infância registrada desde o
nascimento por sua D. Edeltrudes no “Livro do Bebê”. Sua mente curiosa
estimulou sua mãe a lhe apresentar as primeiras letras e palavras ainda em
casa, riscando-as com um graveto no chão à sombra das enormes mangueiras do
quintal, essa experiência marcou-lhe para sempre a vida e a memória. Aos 6
anos, já alfabetizado, inicia seus estudos numa pequena escola que a Prof.ª Eunice Vasconcelos mantinha em
sua residência.
(FREIRE, Paulo. À
sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1995, pp. 24-5.)
Aos
10 anos de idade, ele muda-se para cidade de Jaboatão (vizinha à Recife) onde três
anos depois, “seu papá”, falece e as condições financeiras da família tornam-se
precárias, obrigando-o a parar os estudos ainda no “curso primário”, ao qual ele
só retomaria anos depois.
Desse
período em Jaboatão, ele conheceu e manteve contato com uma população mais
pobre, interagindo com camponeses e filhos de operários e seu linguajar
próprio, que veio anos depois influenciar seu pensamento como educador
fazendo-o ainda nesse período, valorizar os mistérios da linguagem e da
palavra.
Após concluir o
ensino básico, aos vinte e dois anos ele ingressa na famosa Faculdade de Direito do Recife, única
opção de curso superior para aqueles que desejavam seguir carreira acadêmica na
área de humanas e onde também conhece sua futura esposa a alfabetizadora e professora
primária Elza Maia Costa Oliveira,
cinco anos mais velha que ele e com quem teve cinco filhos: Maria Madalena,
Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes.

E
como sua sede de saber não passava, doutorou-se em Filosofia e História da Educação
em 1959, com a tese ”Educação e Atualidade Brasileira”, mas esse era também um
período de efervescência política no Brasil, e com suas simpatias socialistas,
ele se engaja nos movimentos de educação popular do Governo Goulart, entres
eles a célebre alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 45 dias.
A VIDA NO EXÍLIO

(Pedagogia da esperança - p.
35)
Devido
suas ideias revolucionárias e por descrever a educação como um processo
“libertador” do ser humano, foi “convidado
a explicar-se” para acadêmicos e militares. Respondeu inquéritos administrativo
e considerado subversivo e aos 43 anos de idade, é expulso do Brasil pelas
forças militares junto com outros intelectuais da época. Ficou detido durante
setenta dias e como já possuía cinco filhos, passa a temer pela segurança de
sua família e pede asilo junto à Embaixada da Bolívia, mas, permaneceu lá apenas
por 40 dias. Logo se transferiu para o Chile, vivendo em Santiago de novembro
de 1964 a abril de 1969, onde conviveu com outros exilados da intelectualidade
brasileira como: Ernani Maria Fiori, Fernando Henrique e Ruth Cardoso, Plínio
Arruda Sampaio, Thiago de Mello, entre outros.

Mas,
o breve governo socialista de Salvador Allende não tarda a chegar o fim também no
Chile e em 1973, o sangrento golpe militar Augusto Pinochet põe outra vez a
família Freia a caminho de um novo local seguro.
Em
1966 vai à Cuernavaca, no México para realizar conferências e participar de
seminários e em 1967 faz sua primeira visita aos Estados Unidos, passando a
receber convite de várias universidades, opta por permanecer em Harvard de
abril de 1969 a fevereiro de 1970, mas, ao final do seu tempo de trabalho como
um educador nos EUA, ele recebe um convite do Conselho Mundial de Igrejas (instituição evangélicas que também protegia
perseguidos políticos), todavia, é como Professor na Universidade de Genebra que ele encontra seu domicilio permanente
fora do Brasil e entre fevereiro de 1970 a junho de 1980 ele participa de
diversos trabalhos na área de educação ao redor do mundo, mas sempre retornando
á Genebra.
Essa
longa experiência como educador em diversos países durante tempo de exílio, permitiu-lhe
vivenciar diversas culturas, desenvolvendo paulatinamente o seu senso de “cidadão
do mundo”, titulo que ele muito se orgulhava em possuir após ser continuamente convocado
a viajar pelos cinco continentes e conviver com educadores de inúmeros países.
A VIDA EM SÃO PAULO:
Em
junho de 1979, após 16 anos de exílio, beneficiado pela Lei da Anistia, obtém seu
primeiro passaporte brasileiro, mas só no ano seguinte, retorna ao Brasil
definitivamente e ao desembarcar em Recife, lugar cujos laços afetivos e
culturais permaneceram guardados durante toda sua trajetória, ele confessa que
jamais perdeu sua recifensidade.
Seu
retorno ao Brasil foi de repleto de importantes contribuições intelectual nas
áreas sociais, políticas e de aprendizagem, eles próprio, via essa tríade como
elementos de um mesmo fim e impossíveis de sobreviverem separadamente. Uma de
suas várias contribuições políticas foi como um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, como
educador, foi professor na UNICAMP e realizou diversas obras sociais como Secretário
de Educação na Prefeitura de São Paulo.
Em
fevereiro de 1997, Paulo Freire visita Recife pela última vez e em abril desse
mesmo ano, já de volta a cidade de São Paulo, apesar de já fisicamente
debilitado, ainda encontrava-se intelectualmente envolvido com a questão da
educação, recebe a visita de Germano Coelho e de sua filha, Verônica, e lê para
eles as cartas pedagógicas que estava escrevendo para seu próximo livro: “Pedagogia
da Indignação”, obra inacabado devido ao infarto que o levou à morte, aos 75
anos, na madruga de 2 de maio de 1997.
CRONOLOGIA BÁSICA
1921 –
Paulo Freire nasce em Recife, no dia 19 de setembro.
1927 –
Entra, já alfabetizado, para a escolinha particular da professora Eunice
Vasconcelos.
1931 –
Mudança para Jaboatão.
1934 –
Morte do pai quando Paulo tinha 13 anos.
1937 a 1942 –
Cursa o Ensino Secundário no Colégio Osvaldo Cruz, do Recife, onde teve seu
primeiro emprego, tornando-se, em 1941, professor de língua portuguesa do
mesmo.
1943 –
Ingressa na Faculdade de Direito do Recife.
1944 –
Casa-se com Elza Maia Costa de Oliveira.
1947 –
Forma-se Bacharel em Direito.
1947 –
Assume a Diretoria da Divisão de Educação e Cultura, do SESI-Pernambuco.
1952 –
Nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Belas Artes, da Universidade do
Recife.
1954 – Foi
nomeado Diretor Superintendente do Departamento Regional de Pernambuco do
SESI-PE, cargo que ocupou até outubro de 1956.
1960 –
Defende Tese e obtém o título de Doutor em Filosofia e História da Educação.
1961 –
Foi-lhe conferido o título de Livre Docente da Faculdade de Belas Artes. Tendo
perdido o cargo de docente desta Escola, foi nomeado Professor Assistente de
Ensino Superior, de Filosofia, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da
Universidade do Recife.
1962 – Cria
e é o primeiro Diretor do Serviço de Extensão Cultural, da Universidade do
Recife.
1963 –
Realiza a Experiência de Alfabetização de Angicos/RN. Cria as bases do Programa
Nacional de Alfabetização, do Governo João Goulart.
1964 –
Golpe Militar extingue o Programa Nacional de Alfabetização.
Prisão
no Recife.
Asilo
na Embaixada da Bolívia, no Rio de Janeiro.
Em
setembro parte para a Bolívia.
Em
novembro segue para o Chile.
1965 –
Publica o livro Educação como prática da liberdade.
1967/1968 –
Escreve no Chile o livro Pedagogia do oprimido.
1969 –
Muda-se para Cambridge, Massachussetts, USA.
1975 / 1970 –
Transfere-se para Genebra, Suíça, para trabalhar no Conselho Mundial das
Igrejas, passa a “andarilhar” pelos cinco continentes.
1971 –
Funda, com outros exilados, o Instituto de Ação Cultural (IDAC), em Genebra;
dedica-se de modo especial ao trabalho de educação em alguns países africanos.
1979 –
Obtém seu primeiro passaporte e visita São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
1980 –
Retorna ao Brasil; leciona na PUC/SP e na Unicamp.
1981 –
Participa da fundação do Vereda – Centro de Estudos em Educação – em São Paulo.
1982 –
Publica A importância do ato de ler em três artigos que se completam,
livro que mereceu, em julho de 1990, o “Diploma de Mérito Internacional”,
concedido pela “International Reading Assocition”, na Suécia. Deste ano até
1992, escreve os “livros falados”, isto é, livros nos quais, estimulado por
outros educadores, narrava a sua vida e explicitava as suas reflexões.
1986 –
Recebe o Prêmio UNESCO da Educação para a Paz. No dia 24 de outubro morre sua
primeira esposa, Elza Maia Costa Freire.
1987 –
Passa a integrar o júri internacional da UNESCO, que escolhe e premia as
melhores experiências de alfabetização do mundo.
1988 – No
dia 27 de março, casa-se em cerimônia religiosa, no Recife, com Ana Maria Araújo Hasche e, em 19 de agosto,
em São Paulo, em cerimônia civil, quando ela passa a assinar Freire.
1989 –
Assume o cargo de Secretário de Educação da cidade de São Paulo.
1991 –
Afasta-se da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para escrever
livros. Retorna a lecionar na PUC/SP. Demite-se da UNICAMP.
Participa
da criação do Instituto Paulo Freire.
1988/1997 –
Volta depois de 10 anos a escrever livros autorais: Pedagogia da Esperança,
Cartas à Cristina: reflexões sobre a minha vida e minha práxis, Professora sim,
tia não: cartas a quem ousa ensinar, Política e educação, À sombra desta
mangueira e Pedagogia da autonomia, além de outros com diversos
educadores; e inúmeros artigos e conferências.
1997 –
Faleceu no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 2 de maio, vítima de
um infarto agudo do miocárdio. Deixou viúva e 5 filhos.
BIBLIOGRAFIA:
- COSENZA, Ulysses. Paulo Freire, Educar para transformar. Disponível em:<www.projetomemoria.art.br>Acesso em: 24 março 2012.
- CENTRO PAULO FREIRE - Estudos e Pesquisas. Tempo de Recife. Disponível em: <www.paulofreire.org.br> Acesso em: 24 março 2012.
- BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, educar para transformar: Fotobiografia . São Paulo: Mercado Cultural, 2005. 140 p. Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/video/livro_fotobiografico.pdf >
Acesso em: 25 março
2012.
FOTOGRAFIAS
E LEGENDAS:
·
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, educar para transformar:
Fotobiografia . São Paulo: Mercado Cultural, 2005. 140 p.
Acesso em: 25 março
2012.
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