terça-feira, 25 de maio de 2010

O Mundo em Transformação

Os Estados Unidos em transformação

    Um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brookings, em Washington, oferece uma prévia do Censo de 2010 e revela as profundas mudanças sofridas pela população americana na última década.
    Segundo o documento, um terço da população dos Estados Unidos atualmente não é "branca" (o Brookings usa o termo "não branco" para designar hispânicos, negros, asiáticos e representantes de outras raças).
    A participação desses grupos vem crescendo e, em 2042, eles serão a maioria no país.     De acordo com o estudo, minorias étnicas e raciais foram responsáveis por 83% do crescimento da população americana na última década.
    A população dos Estados Unidos passou dos 300 milhões de habitantes em 2006 e, segundo o Brookings, deve chegar a 350 milhões de pessoas por volta de 2025.
    Os imigrantes, que em 1970 representavam 5% da população, hoje respondem por 12%.
    Segundo o relatório, patrocinado pela Fundação Rockefeller, um quarto das crianças americanas são filhas de pai ou mãe imigrante.
    Nas grandes regiões metropolitanas, foco principal do estudo, um em cada seis habitantes nasceu fora dos Estados Unidos.
    Os dados revelam também que a desigualdade é grande. De acordo com o relatório, 85% dos adultos hispânicos e afro-americanos não têm diploma universitário, percentual bem abaixo do registrado entre "brancos" e asiáticos.
    Segundo os autores do estudo, os líderes americanos, tanto em nível federal quanto nos Estados e municípios, precisam cada vez mais levar em conta esse novo perfil demográfico do país na hora de planejar suas políticas.
    Entre as sugestões, está a realização de uma reforma ampla nas leis de imigração, para "proteger as fronteiras" e oferecer um caminho para a legalização e apoio para práticas que facilitem a incorporação dos imigrantes.


Nova York e os imigrantes

  protesto226.jpgEm meio ao debate sobre imigração nos Estados Unidos, acirrado depois da aprovação de uma polêmica lei no Arizona, o Estado de Nova York ganhou o centro das atenções nesta semana.     Em uma medida considerada "corajosa" e "surpreendente" pelo jornal The New York Times, o governador         David Paterson anunciou que seu Estado vai criar uma comissão para analisar a concessão de perdão a imigrantes legais que correm risco de deportação por terem cometido pequenas infrações.
    Com sua decisão, o governador desafia a rígida legislação federal, pela qual imigrantes legais podem ser deportados por crimes como furto ou porte de pequenas quantidades de drogas, mesmo que o delito tenha sido cometido anos atrás.
    Ao anunciar a medida, Paterson disse que algumas leis de imigração americanas eram "embaraçosamente e injustamente inflexíveis".
    O anúncio ganhou destaque ainda maior por ocorrer poucos dias depois de a governadora do Arizona, Jan Brewer, ter assinado uma lei que torna crime a presença de imigrantes ilegais no Estado e permite à polícia parar e revistar qualquer pessoa sobre a qual paire "suspeita razoável".
    Uma semana depois, o Departamento de Educação do Arizona determinou que professores com sotaque não tenham permissão para ensinar alunos que estão aprendendo inglês.
    As negativas do governo do Arizona de que a nova lei de imigração seja discriminatória não foram suficientes para impedir protestos em diversas cidades americanas, boicote a empresas e ao governo do Estado e ações na Justiça.
    A lei provocou também reações de diversos países e organizações. O Itamaraty disse, em nota, que o Brasil "se une às manifestações contrárias à lei" e "espera que seja revista".
    O México foi além e recomendou a seus cidadãos que evitem viagens ao Arizona, em uma medida que pode comprometer a indústria do turismo no Estado.
    A polêmica, porém, está longe de ser encerrada. Pesquisas de opinião divulgadas nesta semana revelam que os americanos ainda permanecem divididos a respeito da questão da imigração e do que fazer com os cerca de 12 milhões de ilegais que atualmente vivem no país.


A próxima polêmica na agenda de Obama

    Depois da vitória conquistada por Barack Obama com a aprovação da reforma da saúde, muito tem se falado sobre os próximos desafios na agenda do presidente americano.
    Entre os vários temas pendentes, pelo menos um promete causar ainda mais polêmica do que as mudanças no sistema de saúde: a reforma das leis de imigração.
    Um documentário exibido pela TV americana na semana passada dá uma ideia da batalha que o governo terá pela frente.
    The Senators` Bargain ("A Barganha dos Senadores") mostra os bastidores da conturbada tentativa de aprovar a reforma migratória em 2007, com destaque para a atuação do senador democrata Ted Kennedy, morto no ano passado.
    Kennedy foi o responsável por um acordo bipartidário, chamado de "a grande barganha", para tentar salvar o projeto, que poderia regularizar a situação de 12 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
    O filme, dirigido por Michael Camerini e Shari Robertson, relembra as difíceis discussões, negociações e concessões feitas para tentar aprovar a proposta.
    No fim, a forte resistência no Congresso, principalmente por parte dos conservadores, acabou enterrando o projeto, que era uma das prioridades do governo de George W. Bush.
    Durante a campanha eleitoral, Obama prometeu que a reforma migratória teria atenção especial em seu primeiro ano de governo.
    A crise econômica acabou forçando o presidente a adiar os planos, mas agora os eleitores hispânicos, que o ajudaram a chegar à Casa Branca, parecem estar perdendo a paciência.
    No mesmo dia em que os deputados aprovaram a reforma da saúde, milhares de imigrantes realizaram uma marcha em Washington para pedir que a reforma migratória passe a ser a prioridade do governo e do Congresso.
    Um projeto apresentado neste mês pelo senador democrata Charles Schumer e pelo republicano Lindsey Graham tenta ressuscitar o debate.
    No entanto, com a proximidade das eleições legislativas de novembro e com a alta carga de controvérsia envolvida, poucos acreditam que o tema avance ainda neste ano.




0 comentários:

Postar um comentário