sexta-feira, 8 de outubro de 2010

QUEM FOI SIGMUND FREUD?


QUEM FOI SIGMUND FREUD?
Sigmund Freud nasceu no dia 6 de maio de 1856, em Freiberg, na Moravia (ou Pribor, na atual República Tcheca), que nesse período, fazia parte do Império Austro-húngaro. Seu pai tinha 41 anos e duas crianças do primeiro casamento quando se casou com Amália, que era vinte anos mais nova que o marido, Jacob Freud. Amália teve seis filhos, entretanto, Sigmund, que era o seu primogênito, descrevia-se como o seu favorito. Ela o chamava de "Siggie de ouro.
    Filho um próspero comerciante judeu, Sigmund foi criado dentro o judaísmo clássico e circuncidado logo ao nascer. Apesar das influencias religiosas paternas, recebeu de sua mãe Amália Freud, que era grande adepta do pensamento Iluminista, o apreço pela filosofia. Também recebeu influencia católica, através da sua governanta, pela qual nutria grande apreço e chamava carinhosamente de Nannie.
O inicio Revolução Industrial causa turbulências financeiras à industrias têxtil, obrigando Jacob Freud, que era comerciante de lã, mudar-se com sua família para Leipzig, na Alemanha. Sigmund tinha apenas três anos, mas essa partida permanecerá para sempre dolorosa em sua memória. Seus irmãos Emanuel e Philipp emigraram para Manchester e seu pai, sem conseguir reverter sua situação econômica, decide estabelecer-se em um bairro judeu de Viena 1859, cidade onde viverá por setenta e nove anos.
Apesar do seu interesse por política, Sigmund Freud não tinha naquela época, onde já se iniciava movimentos anti-semitas, livre escolha de uma carreira acadêmica. Entre medicina e direito, optou pela segunda, mas por possuir um alto senso humanitário, que por vocação.

MÉTODO HIPNÓTICO Charcot, dando aula em
Paris, mostra como conhecer o inconsciente.
Foto: Hulton Archive
Em outubro de 1873, Freud inicia seus estudos destacando-se por sua curiosidade inata e ambição precoce. Como clínico, tratava essencialmente de mulheres da burguesia vienense, qualificadas como “doentes dos nervos” e sofrendo de distúrbios histéricos. Fascinado pelas experiências com histeria que Martin Charcot realizava. consegue em 1885 uma bolsa de estudos para estudar com ele em Paris. Nessa época, o pesquisador francês estava mais preocupando em descrever, catalogar, classificar e explicar os fenômenos de histeria, que efetivamente tratá-los. No entanto, apesar das divergências de objetivos científicos entre eles, “essa primeira permanência na França marcou o início da grande aventura científica que o levaria à invenção da psicanálise”1. Em 1883, é nomeado docente-privado2 e em setembro de 1886, depois de um longo noivado, casa-se finalmente com Martha Bernays e vão morar na Berggasse3, 19, em Viena, onde viveria e trabalharia quarenta e sete anos.
Em 1887, um mês depois do nascimento de sua filha Mathilde, Freud conheceu Wilhelm Fliess, brilhante médico judeu berlinense, que fazia amplas pesquisas sobre a fisiologia e a bissexualidade. Era o início de uma longa amizade e de uma vasta correspondência íntima e científica. Seu objetivo era antes de tudo, curar e tratar de suas pacientes e durante um ano, utilizou, mesmo que inconformado, todos os métodos terapêuticos aceitos na época: massagens, hidroterapia, eletroterapia, etc., e assim que constatou serem ineficientes passa a usar a hipnose, inspirando-se nos métodos de sugestão de Hippolyte Bernheim.
Sua primeira formulação sobre histeria é escrita junto com seu amigo Josef Breuer 1890. Três anos depois, esse trabalho dará lugar à publicação de: “Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos: comunicação preliminar”, que por sua vez, abrirá caminho para “Estudos sobre a histeria”, onde já é possível encontrar o “estilo freudiano” de defesa. Ainda em 1893, um texto intitulado “Algumas Considerações para um Estudo Comparativo das Paralisias Motoras Orgânicas e Histéricas”, Freud afirma que: “a histeria se comporta, nessas paralisias e outras manifestações, como se a anatomia não existisse, ou como se ela não tomasse disso nenhum conhecimento”. Em 1896, ele estabelece seus fundamentos no capítulo VII da “Interpretação dos Sonhos”.
Em “L’ Hérédité et l’Étiologie dês Névroses”, publicado em francês, em 1896, Freud de fato afirma:

“Experiência de passividade sexual antes da puberdade; é essa, pois, a etiologia específica da histeria”.
Nesse artigo, pela primeira vez, o termo “psicanálise” é empregado. Foi também durante esses anos que a reflexão de Freud sobre a súbita interrupção feita por Breuer no tratamento de Anna O, o fez pensar na questão da transferência.
Ao lado de Breuer, Freud abandonou progressivamente a hipnose pela catarse3, inventou o método da associação livre, e enfim a “psico-análise”4. A revolução cientifica provocada por Freud fez com que seu nome fosse indicado para receber o título de professor extraordinário. Sua nomeação foi ratificada pelo imperador Francisco-José no dia 5 de março de 1902, mas ao contrário de muitos intelectuais vienenses, marcados pelo “ódio de si judeu”, Freud, judeu infiel e incrédulo, hostil a todos os rituais e à religião, nunca negaria sua judeidade e como enfatizou Manès Sperber, ele continuaria sendo “um judeu consciente, que não dissimulava a ninguém sua origem, proclamando-a, ao contrário, com dignidade e freqüentemente com orgulho”. Muitas vezes, afirmou que detestava Viena e que se sentia como que libertado a cada vez que se afastava dessa cidade, onde crescera e à qual ficaria ligado, entretanto, por laços indestrutíveis.
Durante os anos que antecederam a publicação de “A interpretação de sonhos”, Freud introduz na nosografia, na qual descreve a neurose de angústia e separando-a da categoria, isola pela primeira vez, a neurose obsessiva propondo o conceito de psiconeurose de defesa e a integrada à paranóia. Porém, sua principal tarefa é a auto-análise, termo que irá empregar por pouco tempo. Eis o que diz sobre isto, na carta a W. Fliess, de 14 de novembro de 1887:
“Minha auto-análise continua sempre em projeto, agora compreendi o motivo. É porque não posso analisar a mim mesmo a não ser me servindo de conhecimentos adquiridos objetivamente (como para um estranho). Uma verdadeira auto-análise é realmente impossível, de outro modo não haveria mais doença”.
Do intercambio com Fliess, ocorreu o abandono da teoria da sedução, segundo a qual toda neurose se explicaria por um trauma real. Essa renúncia, ocorrida em 21 de setembro de 1897, foi fundamental para a história da psicanálise, quando Freud comunicou-a em tom enfático, em uma carta que se tornaria célebre:

“Não acredito mais na minha Neurótica.”

Logo após o “Anschluss”4, graças a inestimável ajuda de seus amigos e discípulos, principalmente, Ernest Jones e Marie Bonaparte, Freud consegue deixar Viena, já ocupada pelo nazismo Porem, suas quatro irmãs morreram mais tarde, nos campos de concentração. Já instalado em Londres com sua família, envia uma carta a seu irmão Alexandre, onde declara que ainda amava muito a prisão da qual fora libertado. Na capital inglesa, ele volta a trabalhar. Atende alguns pacientes e inicia os textos de: “Esboço de Psicanálise” e “Algumas lições Elementares de Psicanálise”. Foi lá também que conseguiu retomar e finalizar um de seus textos mais polêmicos: “Moisés e o Monoteísmo”. Com a descoberta do inconsciente, conseguiu atingir o narcisismo do homem moderno. As hipóteses levantadas nesse trabalho atingem diretamente o judaísmo e o cristianismo e com isto, a religião de forma geral: trata-se do questionamento do anti-semitismo enquanto enigma a ser resolvido. Devemos lembrar as circunstâncias desses momentos sinistros na história mundial onde a raça e a religião podiam marcar a diferença entre a vida e a morte. Parece difícil imaginar, para um judeu intelectual de reconhecimento internacional, algum momento histórico mais adverso do que aquele da invasão das tropas nazistas num país como a Áustria, de forte história anti-semita, para indagar uma questão tão latente.
Sigmund Freud passou seus últimos quinze meses e vinte e cinco dias de vida na Inglaterra, onde permaneceu cercado por seus seis filhos (Mathilde, Mrtin, Oliver, Ernst, Sophie Halberstadt, Anna) e de sua cunhada Minna Bernays.


QUAL SUA MAIOR CONTRIBUIÇÃO PARA A PSICOLOGIA E AS CIÊNCIAS HUMANAS?
O período anterior às descobertas de Freud sempre se supunha que todas as doenças tinham uma etiologia de fundo físicoquímico,isto é, redutível à ciência física, e não afeita à questão hermenêutica. O tratamento da histeria pela hipnose e o posterior estabelecimento da etiologia sexual das neuroses - afecções da alma infensas à terapêutica médica tradicional - conduziram ao ponto de viragem da nascente teoria freudiana. E apenas da hipnose ter sido um grande avanço para a época e, embora encarada com reserva no meio médico, ela ocupava com vantagem o lugar das abordagens pretensamente científicas do passado, baseadas puramente na morfologia anatômica e tenta defender uma abordagem compreensiva que dê conta da complexidade do fenômeno psíquico.
Em 21 de abril de 1896, Freud proferiu uma conferência na Sociedade de Psiquiatria (Psychiatrischer Verein) em Viena, onde pela primeira vez postulou a etiologia sexual da histeria:

“qualquer que seja o caso e qualquer que seja o sintoma que tomemos como ponto de partida, no fim chegamos infalivelmente ao campo da experiência sexual”
(Freud, 1896/1987, p.185).

Inicia-se, assim, a gestação do primado da sexualidade, central em sua obra, cuja demonstração teórica mais acabada se produz nos Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade de 1905, com aexplanação do desenvolvimento psicossexual infantil. Para Freud, a psicanálise é ciência da natureza e seu objetivo é explicar os fatos psíquicos; seu modelo de conhecimento científico é a anatomia e a fisiologia apoiadas no método físicoquímico e, assim sendo, sua concepção do estatuto epistemológico da ciência do psiquismo pode ser considerada reducionista.
E é em referência a uma química energética que Freud afirma a analogia entre psicanálise e química. Desse modo, levando a idéia freudiana ao seu limite, a manipulação bioquímica seria o futuro - ou o fim - da psicanálise:

“todas as nossas idéias provisórias em psicologia presumivelmente algum dia se basearão numa estrutura orgânica”  (Freud, 1914b/1987, p.95).

Portanto, a maior contribuição que Freud trouxe à psicologia e demais ciências humanas é não supor a psicanálise como uma disciplina separada da psicologia, ele inclusive chega a sustentar que "a psicanálise é uma parte da psicologia". Tambem em suas associações, Freud advertiu contra a tentação dos psicanalistas em "flertar com a endocrinologia e o sistema nervoso autônomo, quando aquilo de que se necessita é de uma percepção de fatos psicológicos com a ajuda de uma estrutura de conceitos psicológicos" (Freud, 1927/1987, p.292). Desse modo, a psicanálise se tornaria o "elo" entre a psiquiatria e os demais ramos das ciências mentais, não se reduzindo, a apenas uma mera concepção de mundo (Freud, 1933/1987, p.194)
QUAIS OS TRABALHOS MAIS RELEVANTES DESENVOLVIDO POR ELE?
As principais contribuições de Sigmund Freud predominantes na nossa cultura hoje, apresentam interpretações diametralmente opostas de quem nós somos, nossa identidade, de onde viemos, de nossa herança cultural e biológica e de nosso destino. Poucos homens influenciaram mais a estrutura moral de nossa civilização do que Sigmund Freud. Muitos historiadores colocam suas descobertas ao lado das de Plank e Einstein. Suas teorias proveram um novo entendimento sobre como nossas mentes funcionam. Suas idéias permeiam diversas disciplinas incluindo a medicina, literatura, sociologia, antropologia, história e o direito. A interpretação do comportamento humano no direito e na crítica literária é profundamente influenciada pela suas teorias. Seus conceitos estão tão permeados na nossa linguagem que nós usamos termos como repressão, complexo, projeção, narcisismo, ato falho e rivalidade fraterna sem sequer saberbemos de sua origem.

Devido ao inegável impacto de seu pensamento na nossa cultura, os estudiosos se referem a esse século como o “século de Freud”.  Podemos afirmar que apesar de ser continuamente criticado, desacreditado, e difamado; ainda assim, sua figura continua a aparecer em capa de revistas e artigos de primeira página em jornais como o The New York Times. As recentes pesquisas históricas intensificaram o interesse nas controvérsias em torno de Freud e seu trabalho. Como parte de seu legado intelectual, Freud defendeu veementemente uma filosofia de vida secular, materialista e ateísta.

Freud também possuíam dons literários extraordinários. Ele ganhou o prêmio Goethe de literatura em 1930. Possui uma grande quantidade de livros acadêmicos e de ficção vastamente lidos.

QUAL SUA MAIOR CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO?

No início de nosso século, neste novo elo social da criança educada, disciplinada, futuros homens para uma sociedade harmoniosa, surge Freud com a psicanálise operando no sentido oposto ao dos ideais. Por sermos seres falantes, seres de linguagem, o mal-estar na cultura é incurável - não se pode adotar um ideal da adaptação. Por isto nenhuma pedagogia, nenhuma ortopedia da civilização, nenhum governo poderá prometer um bem supremo para o ser falante.
Nem a educação, nem a psicanálise poderá prometer um bem. Sabemos que aqueles que nos procuram vêm em busca desta felicidade. E é com esta busca da felicidade que o sujeito da psicanálise entrará no dispositivo analítico transferindo para o analista uma suposição de saber. O ato analítico inclui uma renúncia aos poderes que a transferência confere.
Já para o educador, onde a transferência é o motor para que a criança aprenda, ele tem cada vez mais que mante-la e sustenta-la. O educador reforça o eu do educando visando fortalecê-lo. É o oposto do trabalho de uma análise. Onde o analista por se abster de modelar, de querer guiar os pensamentos de seus analisantes, apoia-se no inconsciente para suspensão do recalque.
Não há relação entre educação e psicanálise; mesmo elas usando o mesmo motor vão para direções opostas. O único ponto que pode nos articular a psicanálise e educação é a análise do educador e a análise da criança. Pois a criança em análise trabalhando seu sintoma terá possibilidade de uma melhor posição no mundo, melhor aprendizagem na vida. E o educador trabalhando seu sintoma se desprenderá do poder de seu narcisismo; e não mais fará da criança seu ideal. O educador reconhecendo a existência do inconsciente pode renunciar a toda fantasia de domínio e de adestramento. Então, deste novo elo social em torno da criança educada, o passo freudiano foi anunciar a verdade que se impõe no sintoma. E não, em nome de uma nova moral, mas sim, no sentido oposto ao dos ideais.


POR QUE FREUD CHEGOU A AFIRMAR QUE: "A EDUCAÇÃO É IMPOSSIVEL"?

      Em todas as suas idéias  sobre a educação, inspiradas pela Psicanálise foram por ele mesmo questionadas:
      - Quem o educador deve promover a sublimação, mas a sublimação não se promove por ser inconsciente
      - Que o educador deve esclarecer as crianças a respeito da sexualidade, mesmo achando que elas não darão ouvidos
      - Que o educador deve se reconciliar com a criança que há dentro dele, mas que é uma pena que tenha esquecido com é essa criança
      - E a conclusão de que A Educação é uma profissão impossível.

NOTAS:
1.       O termo “Psicanálise” foi utilizado a primeira vez PSICANÁLISE é uma CIÊNCIA e uma TÉCNICA que tem por finalidade a interpretação do inconsciente humano, visando através de diversos  processos de avaliações e de modernos recursos terapêuticos, diminuir os estados de tensões, resultantes de inadaptacões  vivenciais, educacionais, profissionais, morais, religiosas e pessoais, visando equilibrar emocional e psiquicamente os Sóciopatas e todos os portadores de distúrbios do comportamento em geral, usando apenas os recursos da exortação, do bom senso e da re-educação pessoal. http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/2457664
2.       Endereço onde atualmente funciona o Sigmund Freud Museum - junto à Sociedade Psicanalítica de Viena - não oferece, ao visitante, o ambiente onde à família Freud morou, muito menos o lugar de trabalho do pai da Psicanálise. Somente a sala de espera - onde se realizavam as reuniões da famosa Sociedade das quartas-feiras encontra-se - graças a Anna Freud - relativamente reconstituída.
3.       Docente-privado equivale, na França, ao título de mestre conferencista;
4.       Anschluß ou Anschluss é uma palavra do idioma alemão que significa conexão ou anexação. É utilizada em História para referir-se à anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha em 1938. Este termo é o oposto à palavra Ausschluß, que caracteriza a exclusão de Áustria no Reino da Prússia.  http://pt.wikipedia.org/wiki/Anschluss





BIBLIOGRAFIA:
  •  VILLARI, Rafael Andrés. Entre Viena e Londres: uma visita à casa de Sigmund Freud. Psicol. cienc. prof.,  Brasília,  v. 20,  n. 3, set.  2000 .   Disponível em . acessos em  01  out.  2010.

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