sábado, 5 de junho de 2010

Quando me busco

Este poema foi apresentado no IX Sarau Literário De palavra em Palavra, organizado pelo Curso de Letras, do Centro Universitário Anhanguera: Faculdade de Educação de Pirassununga.



Quando me busco, fujo de mim
É difícil procurar ao próprio eu!
É difícil descrever quem sou...
Será que sei? Não sei.
A vida passa pela minha mente:
Minha infância,
Meus pais,
Meus desejos.
Tudo tão rápido,
Tão dolorido também,
Porque nessas passagens,
Ainda não encontrei.
Será que não sou ninguém?
Não sei.
Novamente me invado
Vejo-me escapando de mim, pelas mãos, pelos dedos!
Ah! Desespero de não poder encontrar-me,
Nesse labirinto do meu coração!!!
Espere, vejo ali uma luz...
São meus olhos submersos
Despertando para mim.
O brilho deles me vasculha, me percorre...
Abre portas, fecha portas...
Tudo isso para inteirar-se de meu ser – EU.
Meus olhos submergidos mostrando-se diz-me:
“Tu és mulher – por isso lutadora,
tu és negra – por isso vencedora,
tu és suor – por isso o trabalho,
tu és educadora – por isso o amor pelo aluno
tu és terra – por isso é semeadora do filho,
tu és humana – por isso as confusões,
tu és melancolia – quando sofre por paixões,
tu és mulher dupla – quando se encontra na carne do outro,
tu és mulher-menina – quando quer, aos 50 anos, o colo da mãe,
tu és choro – na solidão e alegria – todo dia.”
Assim, quando voltei a olhar-me profundamente
Vi que, direito, ainda não me via e nem me conhecia,
Porque minha grande descoberta é saber que ainda não sou.
Por isso as tentativas de buscar-me são incomensuráveis.
Os caminhos que percorro são infindáveis.
Infindáveis como o desejo e a busca em tentar ser feliz.

Regina Helena Moraes




 

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