segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A inclusão e o TDAH- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade



A educação é um direito de todos e PARA TODOS; para isso a escola deve se adequar às necessidades educacionais de seus alunos. Necessidades Educativas Especiais não é sinônimo de deficiência como muitos ainda pensam... leia um trecho da Resolução que trata deste assunto:

RESOLUÇÃO CNE/CEB No. 02/2001 Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem:
I- dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;
II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;
III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.

Uma queixa bastante comum para dos professores de ensino regular quando solicitam atendimento do serviço de ensino especial refere-se as crianças com sintomas de TDAH.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

O TDAH na infância em geral se associa as dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das pessoas, logo na infância, com dois grupos de sintomas, de acordo com a área de predominância:

1- TDAH – Tipo desatento: a pessoa apresenta pelo menos seis das seguintes características:
• Não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado;
• Dificuldade em manter a atenção;
• Parece não ouvir;
• Dificuldade em seguir instruções;
• Dificuldade na organização;
• Evita / não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado;
• Freqüentemente perde os objetos necessários para uma atividade;
• Distrai-se com facilidade;
• Esquecimento nas atividades diárias.

2- TDAH – Tipo hiperativo / impulsivo: a pessoa apresenta, pelo menos, seis das seguintes características:
• Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou não parando quieto na cadeira;
• Dificuldade em permanecer sentada;
• Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente;
• Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;
• Fala excessivamente;
• Responde as perguntas antes de serem formuladas;
• Age como se fosse movido a motor;
• Dificuldade em esperar sua vez;
• Interrompe e se intromete.” (Sam Goldstein, 1999)

Algumas dicas para professores de alunos com TDAH
-Antes de tudo, tenha certeza de que o que você está lidando é TDAH. Definitivamente não é tarefa dos professores diagnosticar, mas você pode e deve questionar. Especificamente tenha certeza de alguém tenha testado a audição e a visão da criança recentemente e tenha certeza também de que outros problemas médicos tenham sido resolvidos. Tenha certeza de que uma avaliação adequada foi feita. Continue questionando até que se sinta convencido. A responsabilidade disso tudo é dos pais e não dos professores, mas o professor pode contribuir para o processo.

– Conheça seus limites. Não tenha medo de pedir ajuda. Você, como professor, não pode querer ser uma especialista em hiperatividade. Você deve sentir-se confortável em pedir ajuda quando achar necessário.
– LEMBRE-SE DA PARTE EMOCIONAL DO APRENDIZADO Estas crianças necessitam de um apoio especial para encontrar prazer na sala de aula. Domínio ao invés de falhas e frustrações. Excitação ao invés de tédio e medo. É essencial prestar atenção ás emoções envolvidas no processo de aprendizagem.
– Estabeleça regras. Tenha-as por escrito e fáceis de serem lidas. As crianças se sentirão seguras sabendo o que é esperado delas.– Repita as diretrizes. Escreva as diretrizes. Fale das diretrizes. Repita as diretrizes. Pessoas com HIPERATIVIDADE necessitam ouvir as coisas mais de uma vez.
– Olhe sempre nos olhos. Você pode “trazer de volta” a criança através dos olhos nos olhos. Faça isto sempre. Um olhar pode tirar uma criança do seu devaneio ou dar-lhe liberdade para fazer uma pergunta ou apenas dar-lhe segurança silenciosamente.
– Na sala de aula coloque a criança sentada próxima à sua mesa ou próxima de onde você fica a maior parte do tempo. Isto ajuda a evitar a distração que prejudica tanto estas crianças.
– Estabeleça limites, fronteiras. Isto deve ser devagar e com calma, não de modo punitivo. Faça isto consistentemente, previamente, imediatamente e honestamente. Não seja complicado, falando sem parar. Estas discussões longas são apenas diversão. Seja firme.
– Preveja o máximo que puder. Coloque o plano no quadro ou na mesa da criança. Fale dele frequentemente. Se você for alterá-lo, como fazem os melhores professores, faça muitos avisos e prepare a criança. Alterações e mudanças sem aviso prévio são muito difíceis para estas crianças. Elas perdem a noção das coisas. Tenha um cuidado especial e prepare as mudanças com a maior antecedência possível. Avise o que vai acontecer e repita os avisos à medida que a hora for se aproximando.
– Tente ajudar às crianças a fazerem a própria programação para depois da aula, esforçando-se para evitar um dos maiores problemas da hperatividade: a procrastinação, deixar para depois, postergar.
– Propicie uma espécie de válvula de escape como, por exemplo, sair da sala de aula por alguns instantes. Se isto puder ser feito dentro das regras da escola, poderá permitir à criança deixar a sala de aula ao invés de se desligar dela e, fazendo isto, começa a aprender importantes meios de auto-observação automonitoramento.
– Procure a qualidade ao invés de quantidade dos deveres de casa.
– Monitore o progresso frequentemente. Crianças com hperatividade se beneficiam enormemente com o freqüente retorno do seu resultado. Isto ajuda a mantê-los na linha, possibilita a eles saber o que é esperado e se eles estão atingindo as suas metas, e pode ser muito encorajador.
– Divida as grandes tarefas em tarefas menores. Esta é uma das mais importantes técnicas de ensino das crianças hiperatividade. Grandes tarefas abafam rapidamente as crianças e elas recuam a uma resposta emocional do tipo eu nunca vou ser capaz de fazer isto. Através da divisão de tarefas em tarefas mais simples, cada parte pequena o suficiente para ser facilmente trabalhada, a criança foge da sensação de abafado. Em geral estas crianças podem fazer muito mais do que elas pensam. Pela divisão de tarefas o professor pode permitir à criança que demonstre a si mesma a sua capacidade. Com as crianças menores isto pode ajudar muito a evitar acessos de fúria pela frustração antecipada. E com os mais velhos, pode ajudar as atitudes provocadoras que elas têm frequentemente. E isto vai ajudar de muitas outras maneiras também. Você deve fazer isto durante todo o tempo.
– Permita-se brincar, divertir. Seja extravagante, não seja normal. Faça do seu dia uma novidade. Crianças adoram novidades. Elas respondem às novidades com entusiasmo. Isto ajuda a manter a atenção – tanto a delas quanto a sua. Estas crianças são cheias de vida, elas adoram brincar. E acima de tudo, elas detestam ser molestadas. Muitos dos tratamentos para elas envolvem coisas chatas como estruturas, programas, listas e regras. Você deve mostrar a elas que estas coisas não estão necessariamente ligadas às pessoas, professores ou aulas chatas.
–Cuidado com a superestimulação. Como um barro de vaso no forno, a criança pode ser queimada. Você tem que estar preparado para reduzir o calor. A melhor maneira de lidar com os caos na sala de aula é, em primeiro lugar, a prevenção.
– Esforce-se e não se dê satisfeito, tanto quanto puder. Estas crianças convivem com o fracasso, e precisam de tudo de positivo que você puder oferecer. O fracasso não pode ser superenfatizado: estas crianças precisam e se beneficiam com os elogios. Elas adoram o encorajamento. Elas absorvem e crescem com isto. E sem isto elas retrocedem e murcham. Frequentemente o mais devastador aspecto da hiperatividade não é HIPERATIVIDADE propriamente dita e sim o prejuízo à auto-estima. Então, alimente estas crianças com encorajamento e elogios.
– Avise sobre o que vai falar antes de falar. Fale. Então fale sobre o que já falou. Já que muitas crianças com HIPERATIVIDADE aprendem melhor visualmente do que pela voz, se você puder escrever o que será falado e como será falado, isto poderá ser de muita ajuda. Este tipo de estruturação põe as idéias no lugar.
– Simplifique as instruções. Simplifique as opções. Simplifique a programação. O palavreado mais simples será mais facilmente compreendido. E use uma linguagem colorida. Assim como as cores, a linguagem colorida prende atenção.
– Acostume-se a dar retorno, o que vai ajudar a criança a se tornar auto-observadora. Crianças com hiperatividade tendem a não ser auto-observadora. Elas normalmente não têm idéia de como vão ou como têm se comportado. Tente informá-las de modo construtivo. Faça perguntas como: Você sabe o que fez? ou Como você acha que poderia ter dito isto de maneira diferente? ou Você acha que aquela menina ficou triste quando você disse o que disse?. Faça perguntas que promovam a auto-observação.
– Mostre as expectativas explicitamente.
– Um sistema de pontos é uma possibilidade de mudar parte do comportamento (sistema de recompensa para as crianças menores). Crianças com HIPERATIVIDADE respondem muito bem às recompensas e incentivos. Muitas delas são pequenos empreendedores.
– Se a crianças parece ter problemas com as dicas sociais – linguagem do corpo, tom de voz, etc – tente discretamente oferecer sinais específicos e explícitos, como uma espécie de treinamento social. Por exemplo, diga antes de contar a sua história, procure ouvir primeiro a de outros ou olhe para a pessoa enquanto ela está falando. Muitas crianças com HIPERATIVIDADE são vistas como indiferentes ou egocêntricas, quando de fato elas apenas não aprenderam a interagir. Esta habilidade não vem naturalmente em todas as crianças, mas pode ser ensinada ou treinada.
– Faça a criança se sentir envolvida nas coisas. Isto vai motivá-la e a– Separe pares ou trios ou até mesmo grupos inteiros de crianças que não se dão bem juntas. Você deverá fazer muitos arranjos.
– Fique atento à integração. Estas crianças precisam se sentir enturmadas, integradas. Tão logo se sintam enturmadas, se sentirão motivadas e ficarão mais sintonizadas.
– Sempre que possível, devolva as responsabilidades à criança.
– Experimente um caderno escola – casa – escola. Isto pode contribuir realmente para a comunicação pais – professores e evitar reuniões de crises. Isto ajuda ainda o freqüente retorno de informação que a criança precisa.
– Tente utilizar relatórios diários de avaliação.
– Incentive uma estrutura do tipo auto-avaliação. Troca de idéias depois da aula pode ajudar. Utilize também os intervalos de aula.
– Prepare-se para imprevistos. Estas crianças necessitam saber com antecedência o que vai acontecer, de modo que elas possam se preparar. Se elas, de repente, se encontram num imprevisto, isto pode evitar excitação e inquietos.
– Elogios, firmeza, aprovação, encorajamento e suprimento de sentimentos positivos.
.
–Aplique testes orais.
– Seja como um maestro: tenha a atenção da orquestra antes de começar. Você pode utilizar do silêncio ou bater o seu giz ou régua para fazer isto. Mantenha a turma atenta, apontando diferentes partes da sala como se precisasse da ajuda deles.
– Sempre que possível, prepare para que cada aluno tenha um companheiro de estudo para cada tema, se possível com o número do telefone (adaptado de Gary Smith).
– Explique e dê o tratamento normal a fim de evitar um estigma.
– Reuna com os pais frequentemente. Evite o velho sistema de se reunir apenas para resolver crises ou problemas.
– Incentive a leitura em voz alta em casa. Ler em voz alta na sala de aula tanto quanto for possível. Faça a criança recontar estórias. Ajude a criança a falar por tópicos.
– Repetir, repetir, repetir.
–Atividade motora ou movimento. Um dos melhores tratamentos para HIPERATIVIDADE, adultos ou crianças, é o exercício físico pois ajuda a liberar o excesso de energia, ajuda a concentrar a atenção, estimula certos hormônios e neurônios que são benéficos. E ainda é divertido. Assegure-se de que o exercício seja realmente divertido, porque deste modo a criança continuará fazendo para o resto da vida.

Algumas observações Importantes:
1. Nem sempre querer é poder
A questão pode não ser apenas mal-criação, falta de interesse ou preguiça – pode ser um problema orgânico, chamado TDAH - Déficit de Atenção e Hiperatividade. Talvez ele não consiga ficar quieto!!

2. Pode haver Déficit de Atenção sem hiperatividade – também em meninas
Normalmente, o que mais incomoda é a hiperatividade, especialmente nas crianças mais novas. Porém, apenas um pouco mais da metade dos casos de TDAH são do tipo hiperativo ou combinado – o restante sofre especialmente com desatenção. Meninos apresentam TDAH – com ou sem hiperatividade – mais frequentemente que meninas. Mas isto não quer dizer que uma menina não possa ter TDAH, até mesmo do tipo hiperativo-impulsivo.

3. Não tente culpar os pais pelos problemas da criança – nem os pais devem culpar a escola
O TDAH não é sinônimo de limites ou problemas com a educação das crianças em casa. Os pais também sofrem muito com crianças e jovens com TDAH, especialmente quando há hiperatividade. Trate-os como parceiros, nas batalhas do dia-a-dia. Pais e professores tem muito a dar, uns aos outros. Uma boa realção de parceria é o melhor para a criança e ajuda a minimizar a carga, para ambos os lados.

4. Antes de falar com os pais sobre TDAH, peça a opinião de outro colega ou do psicólogo da escola
Faça uma lista dos comportamentos que você acha mais relevantes, não apenas hiperatividade ou distração. Leve em conta o que é comum e esperado nas crianças da mesma faixa etária. Não tente fazer um diagnóstico – apenas relate o que você observou.

5. Convide os pais a observarem a criança na escola
Pode ser necessário dar aos pais a oportunidade de verificar as diferenças entre a forma de agir de seu filho e as outras crianças. Pode ajudar a sensibilizá-los para o problema - especialmente se a criança for filho único, neste caso os pais não tem base para comparação. O ideal é que os pais possam ver a criança durante uma aula e em interação com os colegas. Caso os pais não possam estar presentes de uma forma discreta, a criança poderá ficar mais agitada por algum tempo, até que se acostume com a presença deles.

6. Crianças com TDAH podem se comportar muito bem em situações novas / diferentes
Quando recebe atenção individualizada ou se encontra em situações novas, como visitas a médicos ou tratamentos psicológicos, a criança com TDAH e/ou hiperatividade pode não apresentar os sintomas dos quais a escola, professores e/ou pais se queixam. O fato dos sintomas não estarem presentes todo o tempo não significa que a suspeita seja errada ou que não seja necessário procurar tratamento.


O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação é parte muito importante do tratamento.A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental. Não existe até o momento nenhuma evidência científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH.

O serviço de Educação especial pode ajudar muito na eficácia do trabalho dos professores de ensino regular que atender crianças com TDAH e mais que isso este trabalho se constitui um direito destes alunos.
As instituições devem buscam interceder em favor dos direitos fundamentais d dos alunos que necessitam de educação especial e agir de acordo com a legislação vigente a saber:

RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 02/2001
Art. 1º - A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades.
Art. 7º - O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser realizado em classes comuns do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica.
Art. 8º - As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns:
I - professores das classes comuns e da educação especial capacitados e especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos;

II - distribuição dos alunos com necessidades educacionais especiais pelas várias classes do ano escolar em que forem classificados, de modo que essas classes comuns se beneficiem das diferenças e ampliem positivamente as experiências de todos os alunos, dentro do princípio de educar para a diversidade;

III - flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico da escola, respeitada a freqüência obrigatória;

IV - serviços de apoio pedagógico especializado, realizado, nas classes comuns, mediante:
a) atuação colaborativa de professor especializado em educação especial;

VII - sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagem cooperativa em sala de aula, trabalho de equipe na escola e constituição de redes de apoio, com a participação da família no processo educativo, bem como de outros agentes e recursos da comunidade;

DELIBERAÇÃO CEE Nº. 05/00

Art. 2° - A educação especial, desde a educação infantil até o ensino médio, deve assegurar ao educando a formação básica indispensável e fornecer-lhe os meios de desenvolver atividades produtivas, de progredir no trabalho e em estudos posteriores, satisfazendo as condições requeridas por suas características e baseando-se no respeito às diferenças individuais e na igualdade de direitos entre todas as pessoas.
Art. 3° - A educação especial deve iniciar-se o mais cedo possível e ser garantida em estreita relação com a família.
Art. 4° - O atendimento educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser feito nas classes comuns das escolas, em todos os níveis de ensino.
§ 1º. - Os currículos das classes do ensino comum devem considerar conteúdos que tenham caráter básico, com significado prático e instrumental, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação que sejam adequados à promoção do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Finalmente, devemos levar em consideração que as crianças com TDAH estão sujeitas ao fracasso escolar, a dificuldades emocionais e a um desempenho significativamente negativo como adultos quando comparadas a seus colegas. No entanto, a identificação precoce do problema, seguida de tratamento adequado, tem demonstrado que essas crianças podem vencer os obstáculos.

Sobre o Autor
Psicóloga, formada Pela Universidade Estadual Paulista de Bauru e Especialista em Psicologia do Desenvolvimento e Processos de Ensino-Aprendizagem pela mesma instiuição. Professora de Ensino Infantil e de Ensino Especial na Prefeitura Municipal de Bauru.
twitter @Paulaprof



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Você sabe quais são os elementos da narrativa?

A narração é uma sequência de ações interligadas que progridem para um fim; um relato de acontecimentos, fictícios ou não, contados por um narrador, por meio da ação de seus personagens. A crônica, o conto, o romance, a fábula, as epopeias são gêneros textuais em que esta modalidade discursiva é usada. Quais são as características da narração?

Que elementos a compõem? Leia nosso texto com atenção e saiba mais. O texto narrativo é composto pelo enredo (o assunto do texto), o narrador, as personagens, o espaço e o tempo. Como exemplo para a nossa análise, utilizaremos um trecho do conto João e Maria, atribuído aos Irmãos Grimm:

Perto de uma grande floresta, vivia um lenhador com a sua mulher e os seus dois filhos; o menino chamava-se Joãozinho e a menina, Mariazinha. O homem tinha pouca coisa para mastigar, e certa vez, quando houve grande fome no país, ele não conseguia nem mesmo ganhar o pão de cada dia. E quando ele estava, certa noite, pensando e se revirando na cama de tanta preocupação, suspirou e disse à mulher:

- O que será de nós? Como poderemos alimentar nossos pobres filhos, se não temos mais nada nem para nós mesmos?

- Sabes de uma coisa, – respondeu a mulher, – amanhã bem cedo levaremos as crianças para a floresta, onde o mato é mais espesso. Lá acenderemos uma fogueira e daremos a cada criança um pedaço de pão; então iremos trabalhar e as deixaremos sozinhas. Elas não acharão mais o caminho de volta para casa e estaremos livres delas.

- Não, mulher, – disse o marido - eu não farei isso; como poderei forçar meu coração a deixar meus filhos abandonados na floresta? As feras selvagens viriam logo para estraçalhá-los.

- És um tolo, – disse ela – então teremos de morrer de fome, os quatro; já podes procurar as tábuas para os nossos caixões. – E não lhe deu sossego até que ele concordou. (GRIMM, 2007, p. 79)


No trecho de Grimm, podemos observar os elementos da narrativa a partir de algumas expressões:

> Enredo – Um pai e sua esposa debatem sobre o destino dos filhos em época de grande crise econômica no país onde vivem.

> Narrador – O foco narrativo é representado por narrador onisciente neutro (LEITE, 2004, p.32). É aquele que “fala” em 3ª pessoa, conhece todos os personagens e sabe tudo o que lhes acontece. Esse tipo de narrador não tece comentários sobre o que os personagens sentem ou pensam; ao contrário, o narrado onisciente intruso faria comentários sobre as ações ou se dirigiria aos leitores (como acontece em alguns textos de Ítalo Calvino, Machado de Assis e Clarice Lispector).

> Personagens – Yves Reuter (2002) explica que “as personagens têm um papel essencial na organização das histórias. [...] São as personagens que permitem as ações e lhes dão sentido.” No trecho de Grimm, aparecem o pai e a esposa, que anunciam também a participação de outros personagens: os dois filhos menores. Sabemos também, já que o conto é bastante conhecido, que no decorrer da narrativa aparecerá ainda uma bruxa que prenderá as duas crianças. As falas e pensamentos dos personagens podem ser indicadas por meio de discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre, como já explicamos no texto Os tipos de discurso.

> Espaço – O espaço narrativo pode ser analisado por meio de alguns eixos fundamentais, como explica Reuter (idem): exóticos ou não, mais ou menos ricos, urbanos ou rurais; um único lugar ou uma multiplicidade de lugares; explícito ou não; facilmente identificável ou não. A delimitação do espaço narrativo pode servir para descrever os personagens. No conto João e Maria, o espaço é apresentado no trecho “Perto de uma grande floresta…”, o que nos permite inferir que as ações acontecem em um meio rural.

> Tempo – As indicações de tempo contribuem para fixar o caráter realista ou não da história. O texto, no entanto, pode carecer de informações precisas; daí, a utilização de expressões como “Era uma vez…”, “Naquele tempo…”, “Naqueles dias…”, que remetem a um tempo simbólico. No conto que nos serve como exemplo, o tempo é marcado pela oração “quando houve grande fome no país”. Observe que a oração é introduzida por uma conjunção subordinativa temporal. Sabemos, ainda, que a história narrada aconteceu no passado, o que é indicado pelos tempos verbais utilizados pelo narrador.


Referências:
GRIMM, J. Os contos de Grimm. 9.ed. São Paulo: Paulus, 2007.
LEITE, L.C.M. O foco narrativo: ou a polêmica em torno da ilusão. 10.ed. São Paulo: Ática, 2004.
REUTER, Y. A análise da narrativa: o texto, a ficção e a narração. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.

Fonte original